Obesidade Também Afeta Cães e Gatos

Fofura Excessiva

Muitos donos de bichos de estimação precisam se convencer de que gordura não é sinônimo de fofura. "As pessoas ainda têm a visão de que bonito e saudável é o animal gordinho".

Um estudo comparativo feito na Alemanha investigou a relação entre donos e animais obesos. O resultado apontou que a maioria dos proprietários de cães obesos também estava acima do peso.

A evolução e a modernidade nos trazem muitas melhorias, mas são responsáveis por vários dos males e problemas da nossa época.

Em animais, o excesso de peso pode ser facilmente percebido pela impossibilidade de se sentir as costelas, além da falta de uma “cinturinha”, e pela presença dos famosos “excessos de gostosura”.

A obesidade não é apenas um problema estético, é um problema de saúde, pois ela está incriminada em uma série de problemas de saúde, que são, na maioria dos casos, revertidos quando o paciente volta ou se aproxima do seu peso ideal.

Os animais obesos, assim como as pessoas com o mesmo problema, têm maiores tendências a desenvolver os seguintes problemas de saúde:

- Diabetes mellitus
- Hipertensão (pressão alta) e outros problemas cardiocirculatórios
- Neoplasias (tumores/câncer)
- Problemas articulares e locomotores
- Dermatites
- Problemas reprodutivos
- Infecções bacterianas e virais
- Hiperlipemias (excesso de gorduras, incluindo colesterol, no sangue)
- Problemas hepáticos – a lipidiose hepática de gatos é muito séria!

O tratamento da obesidade consiste num conjunto de medidas e atitudes a serem tomadas pelos proprietários, como:

- Suporte psicológico
- Exercícios
- Dietas de restrição de calorias – com acompanhamento médico veterinário!
- Medicamentos – se necessário.

A restrição calórica pode ser feita de diversas maneiras: fornecer uma quantidade menor do alimento normalmente consumido pelo animal, ou fornecer uma quantidade semelhante de uma dieta rica em fibras e pobre em gorduras. Atualmente, existem diversas rações com baixas calorias e alto teor de fibras para emagrecimento e controle do peso, com tabelas de orientação de consumo.

O importante é alimentar os animais obesos com dietas ricas em fibras e pobres em gorduras, em várias e pequenas refeições no decorrer do dia, para promover uma maior queima de energia pela digestão.

A dieta pobre em gorduras leva a uma queima maior de energia, pois é mais rica em proteínas e carboidratos, cuja digestão por si só requer uma queima maior de energia do que ocorre na digestão de gorduras. Além disso, a maior quantidade de fibra na dieta leva a outros eventos: sensação mais prolongada de saciedade (sensação de “barriga cheia”), e aumento da velocidade da passagem do alimento digerido pelo intestino, e diminuição da disponibilidade e da digestão enzimática das gorduras (diminuindo a absorção desses nutrientes energéticos ingeridos). Tudo isso auxilia no emagrecimento.

Bons hábitos alimentares são fundamentais para uma “saúde magra” do mesmo. Alguns fatores não dietéticos podem influenciar a tendência à obesidade:

- Sedentarismo e falta de ocupação;
- Avançar da idade;
- Sexo feminino – a tendência à obesidade é maior em fêmeas;
- Castração – aumenta em 50% a tendência ao ganho de peso;
- Raça – Labradores, Cairn Terriers, Cocker Spaniels, Dachshunds, Shetland Collies, Basset Hounds e Beagles são as raças com a maior incidência de obesidade, pois na realidade são raças de trabalho físico intenso (caça e pastoreio), o que faz com que tenham um metabolismo modificado, visando trabalhar intensamente o dia todo, chegarem exaustos à noite, serem alimentados e dormirem, a fim de estarem prontos para um novo dia de intensa atividade e gasto energético;
- Proprietários – os obesos e idosos tendem a hiper-alimentar seus pets.

Cada reincidência da obesidade, assim como no homem, aumenta a dificuldade de perder e manter o peso. Ou seja, cada vez que o mascote fica obeso novamente, fica mais difícil emagrecê-lo.

A prevenção da obesidade é muito importante e não recebe a importância que merece. Ela deve ser instituída desde a fase de crescimento, pois um filhote glutão deve receber uma quantidade calculada pelo veterinário de ração seca, caso contrário, na grande maioria dos casos, esse filhote apresentará um peso cerca de 25% maior do que o filhotes que recebem uma quantidade controlada de alimento.

Temos que lembrar que os nossos mascotes são animais domesticados, mas ainda carregam instintos da vida selvagem, na qual o contexto, a situação em que vivem, é totalmente diferente. Na vida livre os animais têm que caçar para comerem e nem sempre conseguem se alimentar diariamente, têm que fugir de seus inimigos, lutar para se defenderem, proteger a prole e os companheiros de grupo, dormir ao relento ou em tocas frias, procurar um companheiro, segui-lo e defendê-lo, lutar com o “concorrente” para acasalarem etc. Isto tudo resulta num gasto energético muito maior o do que nossos bem cuidados pets, porém, eles ainda carregam consigo a tendência a comerem tudo a que tiverem acesso, pois o instinto de “acúmulo de energia para os dias de jejum” ainda persiste.

Sabe-se que durante a infância a obesidade ocorre com a formação de um número cada vez maior de células adiposas (de gordura), dentro das quais se acumula cada vez mais gordura, ocorrendo também o aumento do seu tamanho. Essas células irão persistir durante toda a vida do animal, o que também vale para os humanos. Assim, quando o animal ou a pessoa que foram gordinhos na sua infância, chegarem à fase adulta, terão um maior número de células adiposas no seu corpo, e, na fase adulta, o ganho de peso ocorre pelo aumento do volume de gordura dentro de cada célula. Quando do emagrecimento, o adulto não perde células adiposas em número, só ocorre a redução da gordura do interior das células e do seu tamanho, porém, só até um certo ponto a partir do qual começa a perda de tecido muscular.

Entendem, agora, porque é tão difícil um adulto que foi “gordinho” durante sua infância e adolescência, manter o peso ideal, e por que para este é muito difícil perder peso.

É importante ressaltar que após o emagrecimento, na fase de manutenção de peso, acompanhada de exercício, é comum que haja um sutil aumento do peso devido ao ganho de massa muscular, porém deve-se lembrar sempre que é muito fácil para o “ex-obeso” engordar!

Consulta: Vet. Barbara Catharina Hellebrekers 
Fotos retiradas da Internet